O grande objetivo do projeto é que o jogo deixe de estar nas mãos daqueles que o construíram e passar para os espectadores, aqueles que decidem entrar no ambiente imersivo do project room. Assim, tudo aquilo que parece ser intuitivo, passa a ter um valor de imprevisibilidade.

Partindo da observação, foi possível retirar algumas conclusões acerca daqueles que, sem conhecerem o projeto, decidiram jogar o jogo. Em primeiro lugar, é lido
o manual de instruções. Este objeto pressupõe um entendimento imediato das
regras do jogo, contudo, foi necessário lê-lo mais do que uma vez para que
a ação desse ínicio.

Em relação às dinâmicas do jogo, estas não são imediatas. Um exemplo são as cartas de turno: maior parte dos jogadores acha que cada um tem de tirar uma carta em vez de apenas uma, aplicada a todos. Outro exemplo surge na opção de retirar trocos em vez de responder a uma questão. São as perguntas que levam ao maior desenvolvimento da personagem e do debate no jogo, mas retirar trocos também
traz vantagens para o jogador. A maior parte dos principiantes prefere arriscar nas perguntas, ao invés de retirar trocos para comprar apoiantes. Contudo, esta tendência altera-se a partir do momento em que o jogo é executado uma segunda vez pelos mesmos jogadores. É então só a partir da quarta ou quinta ronda que tudo se torna automático.

O principal objetivo desta proposta é o debate e este é quase imediato. Apesar de no ínicio da construção de cada personagem, algumas das perguntas levarem ao riso e a um ambiente de descontração, este altera-se com o desenrolar de cada narrativa. Quando os jogadores se apercebem do tipo de decisões que estão a tomar, o ambiente muda. Os participantes entram num debate ativo de ideias. Muitas vezes o objetivo de ganhar o jogo passa a ser secundário e a troca de opiniões torna-se mais relevante. Depois do julgamento final e a partir da revelação das personagens, a reação é unânime. Para além de algum espanto, o alívio de chegar ao fim é geral, mas a discussão mantém-se.