por minha culpa surge a partir da adaptação do filme Redemption de Miguel Gomes. Neste filme, quatro personagens são apresentadas gradualmente através
de pistas sobre a sua vida.
As narrativas baseiam-se em aspetos verídicos, que se fundem com hipóteses desenvolvidas e imaginadas pelos produtores. Esta estratégia culmina assim
numa ficção baseada numa crítica subtil que é assumida no final, quando
cada uma das histórias contadas espelha a vida de quatro personalidades
mundialmente reconhecidas.
Posto isto, o mote para o projeto por minha culpa é construído.
A partir da apropriação da estratégia utilizada no filme, são escolhidas quatro personalidades reconhecidas no panorama social atual pelo envolvimento em escândalos ou polémicas.
A intenção é gerar uma relação de empatia entre o espetador e as personagens criando uma dúvida constante entre o que está certo ou errado, o que é verdade ou mentira, quem é inocente ou culpado. Por outro lado, estimular a consciencialização para problemas contemporâneos e permitir que o espectador se questione se a culpa destes problemáticas pode ou não estar nas suas mãos.
A execução das intenções estabelecidas é espelhada num jogo onde existem quatro contextos (correspondentes às quatro personagens) selecionados no início. Desta forma, o jogador define o fim do jogo mesmo antes deste começar. São apresentadas várias situações hipotéticas em que o jogador tem de selecionar uma de duas opções, sofrendo a consequência que esta escolha possa ou não esconder.
O funcionamento do projeto depende daquele que nele participa, daquele que decide e joga. E é no fim que surge a surpresa. É no fim, depois de processos de escolha, mas também de constrangimento e vergonha, que tudo é desvendado. Que as hipóteses desvendam personagens e as respostas desvendam culpados. Que o debate entre o que é ou não moralmente correto se instaura e os ideais de cada jogador ganham protagonismo.