sobre ficha técnica

O jogo por minha culpa assume, neste projeto, o papel protagonista. Assim, a principal intenção foi a de criar um objeto que para além de permitir uma dinâmica de competição, pudesse originar um momento expositivo, irreproduzível e até polémico.



O jogador assume uma atitude de total responsabilidade perante as decisões que toma no jogo, ao mesmo tempo que, à medida que a dinâmica acontece, se apercebe de que aquilo que está a acontecer não é apenas fictício ou utópico.
Numa era em que os escândalos e polémicas associados aos mais diversos assuntos e personalidades surgem quase diariamente, conceitos como “verdade”, “justiça” ou “inocência” tornam-se ambíguos.



As respostas dadas são, por isso, o espelho de uma personalidade que integra uma sociedade. Sociedade esta onde a culpa é sempre colocada nos ombros daqueles que mais a “merecem” e cada um vive para criticar e condenar o outro.



No jogo, a opinião de cada jogador é exposta através da seleção de um contexto específico e da apropriação, quase involuntária, da vida de uma das quatro personalidades. O desconforto que se gera obriga então o jogador a querer justificar todas as escolhas que faz. Num confronto constante com as fragilidades de cada indivíduo, a dinâmica do jogo vai se transformando num lugar aberto para o debate
e consciencialização moral. Aquilo que inicialmente parece ser apenas um jogo de cartas torna-se assim num evento capaz de alterar percepções, assumir defeitos
e provocar personalidades.



Seremos mesmo apenas espectadores na sociedade onde estamos integrados?


Serei capaz de culpabilizar os outros de uma ação sobre a qual também
eu tenha tido um papel ativo?


Não devo também eu assumir a culpa?